Madri é conhecida pelo Museu do Prado, a Gran via e o bairro boêmio de La Latina.
Mas sua riqueza cultural é feita de diversas de atrações pouco visitadas e cheias de história e curiosidades.
Podemos dizer que há, dentro de Madri, várias cidades com estilos e cores diferentes.
Se você pensa em conhecer a capital espanhola de um jeito diferente, selecionei algumas atrações e roteiros que resumem o espírito do país.
Certos monumentos são icônicos, como a famosa Arena Las Ventas, outros lugares são quase desconhecidos, como o curioso Museu Cerralbo.
No final do passeio você terá cruzado uma cosmopolita e pulsante.
Vamos nessa?
Roteiro Pedro Almodóvar: os cenários preferidos do maior diretor espanhol
Pedro Almodóvar é o maior nome do cinema espanhol e um dos grandes diretores da história do cinema.
Madri sempre esteve em seus filmes como cenário principal. Na Plaza de Chueca foram gravadas várias cenas de Ata-me (1990), o primeiro grande sucesso do diretor.
Não deixe de conhecer o café Taberna de Ángel Sierra. Neste simpático point, (com mais de cem anos de fundação e agora popular entre o público LGBT), Almodóvar, Antônio Banderas e Carmem Maura costumavam bebericar.
Visite também o Museo Chicote bar, lounge frequentada no passado por artistas como Dali, Hemingway e Sinatra. O lugar serviu de cenário para Abraços Partidos (2009).
Já na Calle Montalbán, 7, sétimo andar, fica o terraço que serviu de cenário para o apartamento de Pepa, (Carmen Maura) em Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988).
A rua se mantém tal qual na época do filme.
Por último visite o terraço do Círculo de Bellas Artes, na Calle Alcalá, 42. A vista panorâmica de Madri foi usada pelo diretor em diversos filmes, especialmente no clássico Tudo sobre minha mãe (1999).
Museu Cerralbo: os detalhes da Madri do século XIX
Vista do lado de fora a casa parece pouco interessante, mas o interior do que foi a residência do Marquês de Cerralbo é uma verdadeira capsula do tempo.
Toda a coleção foi montada por seu antigo dono ao longo de décadas.
Em 1922 o Marquês doou ao Estado espanhol o acervo completo, mas com uma única condição: que fosse transformado em museu e que cada peça fosse exposta como um registro de época.
Os destaques são a imponente escadaria e a coleção de quadros, que inclui artistas como El Greco, Zurbarán, Magnasco e Snyders.
A decoração, impecável, leva o visitante numa viagem até os tempos áureos do romantismo espanhol.
Há um relógio clássico original, com engrenagens curiosas e uma coleção de espadas antigas. Não deixe de conferir a visita com audioguia, com explicação detalhada de cada item.
Palácio Real: a imponência da monarquia espanhola
Este é o maior palácio da cidade e um dos mais impressionantes da Europa. Suas obras começaram em 1737 e levaram décadas até a conclusão.
A família real espanhola ocupou suas salas durante séculos, mas atualmente o prédio possui valor simbólico e não é mais usado como sede do governo.
O Rei Afonso XIII foi o último rei que ocupou essas dependências, até sua renúncia na década de 30.
São mais de 3 mil salas, a maioria delas decoradas com afrescos, esculturas, quadros e estátuas de diversos artistas e estilos.
A visita é feita seguindo um itinerário fixo, onde podemos conhecer apenas as principais salas do palácio;
• A Sala da Porcelana é famosa por suas placas de porcelana douradas e verdes;
• A Sala de Gasparini é uma das mais bonitas, com teto ricamente decorado e riqueza de detalhes;
• Na Sala de Gala, local dos banquetes reais, é impossível não se admirar com os lustres de cristal e a mesa gigantesca;
Não deixe de conhecer também os Jardins de Sabatini, onde você terá uma deslumbrante vista do conjunto arquitetônico.
Las Ventas: a maior praça de touros da Espanha
Apesar de muita gente não ser favorável, as touradas fazem parte do espírito espanhol.
Las Ventas é a segunda maior arena do gênero no mundo (perde apenas para a arena da Cidade do México).
A temporadas de eventos começa em março e vai até setembro, com festas,
corridas e claro, a famosa tourada madrilena.
A arena é imponente e ninguém resiste em soltar o grito de “olé” em suas arquibancadas.
Essa talvez seja a experiência mais madrilena possível. Se desejar, dá para conhecer a arena através de visitas guiadas, que orientam sobre diversos detalhes curiosos dessa tradição.
Dica: as temporadas taurinas são bem disputadas e comprar o ingresso com
antecedência costuma sair mais barato e evitar filas. Para isso acesse o site da arena.
Madri árabe: os vestígios de uma cidade desaparecida
Madri já foi chamada de Magerit durante a ocupação árabe da Península Ibérica.
A influência árabe foi sendo suprimida por séculos de dominação católica, e a cidade ancestral foi quase completamente esquecida.
Boa parte dos maiores monumentos de Madrid ocupam o lugar de antigos prédios islâmicos.
Um dos poucos monumentos originais deste período é parte da muralha árabe, que fica no parque Emir Mohamed, logo atrás da Catedral de Almudena, no centro de Madrid.
As ruínas da antiga muralha, que cercava a cidadela, datam do século 9.
No local existe um pequeno jardim em homenagem aos fundadores da cidade e uma maquete com o traçado antigo de Madri.
Outro ponto turístico com traços da presença árabe é a Igreja de San Nicolás, bem no centro da cidade. Sua torre é o que restou de uma mesquita dos tempos de Maregit.
Quando vista de perto, é possível identificar os típicos elementos árabes nos detalhes desta torre.
Dica : no site é possível saber mais sobre a Madri medieval e islâmica. Todo mês um grupo de historiadores e especialistas organiza roteiros pelas ruas da cidade para quem gosta de história antiga.
Um pedaço do Egito na Espanha: o imponente templo de Debode
Um dos templos mais bem preservados do Antigo Egito, acredite, não fica no Egito.
O templo de Debode, datado do século II antes de Cristo e originalmente instalado em Assuão, nas margens do Nilo, foi transportado para Madri, peça por peça, em 1968.
Apesar da má reputação de diversos países europeus em saquear os tesouros africanos, este templo foi um presente do Egito para a Espanha em agradecimento pela ajuda no restauro de diversas outras obras.
Outro dado curioso é que as estruturas foram desmontadas durante a construção de uma represa.
O plano inicial era expor o templo num museu, mas após um processo delicado de restauro, o governo espanhol resolveu reconstruí-lo, pedra a pedra, no Parque Oeste, centro de Madri.
Preste atenção no espelho d’água diante do templo. Ele representa as águas do rio Nilo.
Dica: o Parque Oeste é outra atração que merece sua atenção. Não deixe de visitar a Rosaleda Ramón Ortiz, uma coleção botânica de rosas e diversas flores com 15 mil metros quadrados.
O quadro mais famoso da Espanha: Guernica, de Pablo Picasso
Paris tem a Mona Lisa, Roma tem a Capela Sistina e Madri tem Guernica. A obra mais célebre do mestre do cubismo fica no Museu Nacional Reina Sofia, principal referência em arte moderna do país.
Os elevadores de vidro levam o visitante aos andares superiores e oferecem uma vista arrebatadora da cidade.
Há outras obras famosas de pintores como Salvador Dali, Juan Miró e peças do mestre do cinema surrealista Luis Buñuel, mas nada se compara ao painel de 3,49×7,77m terminado por Picasso em 1937.
A obra se baseia no bombardeio a cidade basca de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola. Na ocasião, centenas de civis morreram e o ato causou revolta internacional.
Cidade medieval: as casas mais antigas de Madri
Madri é uma cidade que sofreu diversas modificações ao longo de sua história. Atualmente o centro histórico exibe obras de pelo menos quatro séculos diferentes.
Mas se você quiser conhecer a Madri “raiz”, poderá fazer um pequeno roteiro através das casas mais antigas da cidade.
É bom lembrar que a maioria delas não é aberta para visitação interna.
Na Plaza de la Villa, 3 fica a casa de Álvaro Lujan, considerada pelos estudiosos a mais antiga da cidade, com mais de 400 anos.
Possui elementos góticos ainda bem preservados. No número 4 da mesma praça ficam o conjunto das casas dos cisneiros, o mais preservado do período renascentista.
A casa das sete chaminés, na Plaza del Rey, é uma das poucas casas civis originais do século XVI ainda de pé em Madri. Reza a lenda que foi erguida para a concubina de um nobre local.
Durante as obras de restauro foram encontrados os restos de um esqueleto feminino, o que corrobora a tese.
A casa de la panederia, na Plaza Mayor, 27, é outro exemplo de construção antiga com elementos originais. O palacete chama atenção pela fachada cheia de detalhes.
Não longe dali a Igreja de São Pedro Velho, na Calle del Nuncio, 14, preserva ao seu redor um conjunto de prédios do século XV e XVI.
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